CONTOS E CRÔNICAS
O vazio não está nem quando é silêncio – vozes femininas na literatura reúne contos, crônicas e microcontos assinados por vinte e uma escritoras – entre iniciantes e profissionais. São vozes distintas, seja no estilo da escrita, seja no posicionamento ou na militância. Ao mesmo tempo, são vivências que se entrelaçam em aspectos como maternidade/não maternidade, trabalho, rotina, autoestima, violência, libertação, amadurecimento e resistência.
As autoras deste livro também estão ligadas por uma condição geográfica: todas elas viveram ou ainda vivem na cidade de Bauru, no interior de São Paulo. E agora se juntam neste projeto idealizado por uma editora de pequeno porte, independente e distante dos principais centros – e que também resiste.
Se a vida de todas essas mulheres se cruza em um ponto no mapa, suas histórias são universais, como é a literatura. Este livro, portanto, fala a todas, a todos, a todes. Em alto e bom som. É imprescindível ouvir.
Leia um trecho deO vazio não está nem quando é silêncio
A VOZ E A VEZ DAS MULHERES NA LITERATURA
“Nós vemos esse livro como um ato de resistência frente a um dos maiores desafios da sociedade contemporânea: garantir e ampliar a voz das mulheres. São vinte vozes distintas, mas que se complementam, tanto no estilo de escrita, como na abordagem de temas como o racismo, a solidão e a maternidade”, explica a escritora Patrícia Lima, organizadora da obra. Autora de O amor é solo de jazz, lançado em 2020, Patrícia é formada em Letras e uma das coordenadoras do grupo de leitura Cevadas Literárias, com quase três anos de atividades.
Diversidade
O vazio não está nem quando é silêncio inclui textos de autoras nascidas em Bauru ou que viveram na cidade por um período (confira abaixo a lista com todas as escritoras e seus respectivos textos), como é o caso de Carolina Bataier, natural de Duartina e que permaneceu na região entre 2013 e 2019, atuando como jornalista em veículos de imprensa. Seu livro, O pôr do sol dos astronautas, foi lançado nesse período, em 2018. Carolina assina o conto “Onde a chuva que cai”, que trata da solidão possível nos relacionamentos. Outro exemplo é Adriana Maximino, nascida em Bauru e hoje residente em Frankfurt, na Alemanha, onde trabalha como tradutora. O conto “A estrada que não segui” é seu primeiro texto publicado em livro.
Algumas autoras têm sua trajetória de escrita atrelada às redes sociais, como Instagram, Facebook e Medium. É o caso de Micheli Betti, que publica em livro físico pela primeira vez e nos apresenta uma leitura de Capitu, célebre personagem de Machado de Assis, adaptada para os tempos de matchs e encontros virtuais.
Dessa forma, o livro une autoras experientes e premiadas a jovens estreantes no mercado editorial, o que também tem reflexo na diversidade de temas. Renata Machado, com três livros publicados e prêmios literários (foi ganhadora do Prêmio Oswald de Andrade de dramaturgia com O menino minguado, filho da lua cheia) nos fala do amor na maturidade, no texto que dá nome ao livro. Mostra que as relações humanas podem fincar raízes no tempo. É autora dos livros Tardes Secretas, Noroeste e Aos que me foram caros e alguns mais baratinhos.
Outras abordam questões relevantes como o racismo estrutural e suas consequências para as mulheres pretas. É o caso de Fernanda Rosário e Titta Santos, que adentram esse aspecto nefasto da sociedade e mostram como ele pode infiltrar-se no corpo feminino, chegando a privá-lo de bens elementares como o afeto.
A diversidade se aplica também às profissões das integrantes do livro, que reúne estudantes, professoras, tradutoras, jornalistas, pesquisadoras, grafiteiras, compositoras, cantoras, psicólogas, administradoras, esteticistas entre outras profissões e habilidades.
O LIVRO QUE VIROU MÚSICA
Inspirada no livro O vazio não estão nem quando é silêncio, que será publicado este mês, em Bauru, a escritora e compositora Karina Limsi lança música e vídeo inéditos. Um livro pode ser extremamente inspirador e ir além da literatura. E foi isso o que aconteceu com a escritora e compositora Karina Limsi, que acaba de dar vida a uma canção e um vídeo inspirados em um dos textos do livro O vazio não está nem quando é silêncio – vozes femininas na literatura, que traz contos e crônicas de 21 escritoras bauruenses e será lançado dia 23 de setembro. A canção “O vazio não está”, composta por ela e o músico André Fernandes, nasce da leitura do conto de outra escritora, Renata Machado, que dá título à coletânea.
O VAZIO NÃO ESTÁ NEM QUANDO É SILÊNCIO Org. Patrícia Lima
Patrícia Lima - Organização
Adriana Maximino - A estrada que não segui
Agnes Analua Barbosa - O doído adeus do amor
Anália Souza - Um flerte com a impossibilidade
Ana Paula Benini - O fim de um tempo
Ariane Suaiden - Desaperto
Bruna Mendonça - Ordinário
Carolina Bataier - Onde a chuva cai
Carolina Firmino - À sombra de um girassol
Fernanda Miguel - A louca
Fernanda Rosário - No encontro com os meus, eu me vi
Karina Limsi - Elucubrações em torno da palavra baque
Karol Lombardi - Cheiro de choro
Mariana Meira - Mas digam ao povo que fico
Marina Leal - {Sem título}
Micheli Betti - Uma Capitu em tempos de match
Nane de Sousa - Um dia ectópico
Natália Mota - Bicho do mato
Priscila Brosco - Conto erótico
Rebeca Almeida - Teatro no consultório
Renata Machado - O vazio não está nem quando é silêncio
Titta Santos - Des-aforismos
144 páginas
1a Edição
2020
ISBN: 978-65-86638-04-2
Capa e projeto gráfico:
Luciana Facchini
Preparação e revisão:
Fabiana Biscaro
Tamanho: 12 cm x 19 cm